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Deficiente visual serrano supera obstáculos e se torna empreendedor de sucesso


Um empreendedor visionário e movido a desafios. Para ele, buscar resultados é o seu principal mantra na vida profissional. Com 27 anos, o morador de Parque Residencial Mestre Álvaro Jamilson da Silva Andrade se destaca na área de Marketing Digital, atende a grandes empresas, dá palestras em eventos de nível nacional e trabalha em casa. É o seu próprio patrão, como gosta de dizer. Só que faltou um detalhe nesta apresentação. Detalhe que, hoje, para o empreendedor serrano, é algo trivial, mas que marcou boa parte de sua vida. Jamilson teve perda total da visão ainda muito jovem.
“Nasci com catarata congênita no meu olho esquerdo e não houve observação médica quanto a isso. Eu cresci e esse problema impediu o desenvolvimento da visão esquerda, e quando foi descoberto, não tinha mais reversão. Passei a usar óculos, porque eu tinha miopia, então usava óculos ‘fundo de garrafa’, desde os 3 ou 4 anos de idade”, conta ele, que, nessa época, gostava de ler revistas em quadrinhos.
Mas aos 9 anos, seu olho direito foi atingido por uma bola quando brincava, o que gerou um deslocamento de retina justamente do olho pelo qual enxergava melhor. Passou por uma cirurgia e, durante o período de repouso, em meio às peripécias de criança – ele conta que era um “garoto inquieto” – seu olho direito foi novamente prejudicado, sendo atingido em cheio por uma bolinha de tênis.
Os médicos, então, disseram que o caso de Jamilson poderia se tornar irreversível e ele perder gradativamente a visão, até que na adolescência, as dificuldades no dia a dia começaram a aparecer. “Foi uma fase muito difícil, porque eu tive que me adaptar, e eu não nasci cego. Deixei de andar de bicicleta, de desenhar, de jogar videogame, de assistir a animes”, relata.
E o futuro se aproximava cada vez mais para Jamilson, o que o fez refletir: “Era chegado, então, o momento de escolher qual profissão seguir, o que fazer da minha vida. Vou trabalhar com o quê?”, indagava, à época. Direito, Licenciatura, Música e Jornalismo eram as profissões que, segundo ele, eram mais compatíveis com sua deficiência visual; porém, não despertaram seu interesse.
Mas as respostas sobre qual carreira seguir na vida não demoraram a aparecer. Com o sonho de trabalhar em casa, sem precisar enfrentar os inúmeros obstáculos que o dia a dia impõe às pessoas com deficiência, Jamilson começou a se encontrar profissionalmente no Marketing. “Antes, fiz Recursos Humanos, tinha uma bolsa de 100% no curso; contudo, não gostei, por conta dessa coisa burocrática, muito estagnada, uma profissão parada. Então, pedi transferência para o Marketing. Aí sim, nessa área, fazendo trabalhos na faculdade, pesquisei sobre o Marketing Digital, achei muito interessante e escolhi essa profissão”, revela.
Foi a escolha que mudou a vida de Jamilson para sempre. “Mas antes disso, tinha três opções: fazer concurso público, entrar numa empresa privada ou empreender. O que eu faço hoje é empreender. Fui conhecendo e prestando alguns serviços e percebi que tinha uma veia de vendedor, que era um vendedor nato. Eu vendia muito bem. E as pessoas não tinham receio de comprar de mim”, explica.
Para ele, a carreira numa empresa privada, geralmente, é mais difícil para um deficiente visual, além da pouca valorização desse profissional. “Nunca fiquei correndo atrás de emprego em empresa privada, porque sempre achei que é um mercado muito restrito. Sempre quis ter meu negócio próprio, criar, inovar”, ressalta o bem-sucedido Jamilson.
Atuando como copywriter – algo próximo de um redator publicitário -, o jovem empreendedor serrano agora tem o seu negócio de comunicação, que atende várias empresas brasileiras e até de outros países. E tudo à distância, pela internet, com clientes do outro lado do mundo. “Me especializei em Copywrite, que é uma espécie de redação de textos persuasivos para empresas. Descobri a mina de ouro; pessoas e empresas passaram a me procurar e comecei a atender clientes no Japão. E isso apenas com a escrita, um computador e mais nada. Mas não é uma escrita simples. Eu cheguei a estudar oito horas por dia para fazer o que eu faço hoje [marketing digital e desenvolvimento de comunicações persuasivas]”, detalha.
Ele produz os textos e faz os contatos com os clientes, mas conta com a ajuda preciosa da esposa, Ingrid, que gere as ferramentas da internet e cuida do financeiro. “Hoje, trabalho com clientes que não sabem que sou cego”, destaca Jamilson, fazendo lembrar a todos que nenhuma forma de deficiência é capaz de impedir a realização de metas na vida.
Jamilson é convidado a dar palestras pelo país em grandes eventos da sua área de atuação, como o ‘Afiliados Brasil’, que reúne empresas, agências, publicitários e profissionais da internet ligados ao desenvolvimento de projetos comerciais na web. O serrano contou sua história para mais de cinco mil pessoas.

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Um blog que discutirá sobre um assunto que encontra-se esquecido por grande parte da sociedade, "DEFICIENCIA"

 

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